Antes de ser absorvido pelo intestino, o café passa pelo estômago. E é aí que está a primeira barreira, também chamada de contraindicação, do consumo de café. “O estômago produz o ácido clorídrico, que tem por volta de 2 PH, enquanto o café tem 5 PH, e para uma pessoa que tem o equilíbrio do ácido clorídrico, tudo bem, mas quem tem gastrite ou refluxo, o processo acaba prejudicando o processo de ingestão de proteína, por exemplo, já que o PH necessário para isso é por volta de 2. O café pode atrapalhar a digestão de alguns nutrientes, entre eles o ferro e a vitamina B12. Por isso, é melhor tratar essa gastrite antes para poder tomar o café”.
Depois que passa essa questão gástrica, quando chega lá no intestino você pode ter algo que acontece muito, que é o hiper estímulo, dando muita vontade de ir ao banheiro. “Se a pessoa precisa do café para ir ao banheiro, então, está errado. Até porque ir mais de uma vez ao banheiro por dia é incomum, mas quando os nutrientes entram no café-da-manhã e você já vai ao banheiro, o que era para ser absorvido não acontece e vai direto para as fezes”, salienta o médico.
Ele é conhecido pelo seu efeito estimulante e inibe a adenosina, um neurotransmissor que relaxa. “É como se ele falasse para o cérebro ‘nada de relaxar, nós vamos ficar estimulados, vamos produzir’, deixando a gente mais focado, mais desperto, mais disposto, ou seja, mais ativo e produtivo. A concentração fica melhor e, eventualmente, a memória. A produção de dopamina aumenta”, esclarece.
Pessoas ansiosas e as com uma rotina agitada, é melhor não consumir o café ou reduzir o consumo, porque com uma hiper estimulação o quadro de ansiedade pode aumentar. Se você toma café todos os dias o corpo se acostuma com a substância. “Quando existe a neutralização da dopamina (quando o cérebro está acostumado com o efeito estimulante do café, tendo menos sensibilidade dos receptores) acontecem duas situações. A primeira é que você já não vibra tanto com as coisas, quando consegue algo, quando tem um aumento, quando tem uma viagem maravilhosa para fazer e você não está nem aí. Além disso, tem também a vontade de consumir mais o estimulante para ter a dopamina, uma espécie de vício, em que o corpo busca gatilhos de dopamina. Aqui entram os jogos, uso de drogas, uso desenfreado de celular, alimentos hiper palatáveis (chocolate, massa, alimentos gordurosos)”, ressalta Lora.
Segundo o especialista, quem não gosta de café deve eliminá-lo da sua rotina, sem necessidade de reposição em cápsula, por exemplo. “Levando em consideração as questões gástrica, intestinal e mental, ele faz mal sim. Por isso, é relevante pensar em seu efeito estimulante. Por exemplo, a pessoa dormiu muito mal à noite, ficou trabalhando até tarde, mas precisou acordar cedo por conta de uma reunião, em que precisava estar focado, o café é um bom estimulante para isso. Já se a pessoa toma café todo dia, não terá esse mesmo efeito”.